sexta-feira, 8 de junho de 2012

Enforcador X Coleira de treinamento

Este equipamento sofre pelo nome comercial estipulado. A função original é a simulação da mordiscada que a fêmea mãe dá nos filhotes para controlar, ensinar e acalmar a prole. Por conta disso a minha preferência pelo nome “Coleira de Treinamento”. Quando o enforcamento acontece, passamos da fase educacional para a fase punitiva, o que gera problemas muito maiores para os donos.

Antes de continuar o assunto coleira de treinamento é importante abordar o tema “objeto de obsessão”. Segundo o dicionário Aurélio, a palavra obsessão tem o significado de idéia fixa, importunação perseverante e preocupação contínua. Um objeto de obsessão é então qualquer coisa que gere desconforto e conseqüentemente foco contínuo. Objetos podem virar uma obsessão quando causam uma atenção exagerada do cachorro. Isso ocorre principalmente quando a situação de atenção é reforçada de forma positiva ou negativa. Reforçar de forma positiva é encarar o objeto como parte de uma rotina equilibrada, sem exageros! Reforçar de forma negativa é depositar tensão e desconforto nas situações em que o objeto aparece. Isso leva a uma reação desproporcional do cachorro, o que pode acarretar em inúmeros incidentes, chegando até a acidentes.

Um dos principais problemas causados pelo enforcamento é a canalização do desconforto e dor para o objeto de obsessão. O objeto aparece, causa uma reação de tensão do dono que canaliza via guia para o cachorro. Este toma a frente para defender o grupo. Aí então começam os problemas. A utilização da coleira de treinamento segue alguns princípios básicos:

1 – É um equipamento de treinamento, não de tortura;
2 – Simula a mordiscada da fêmea, que não é uma situação contínua na vida do filhote, portanto a coleira não deve ficar sob tensão constante;
3 – Existe um ponto sensível no pescoço, logo atrás das orelhas, então o posicionamento da coleira deve ser sempre ali, para facilitar o treinamento; e
4 – A idéia principal da utilização do equipamento é controlar o FOCO do cachorro, trazendo sempre para você. Lembre-se que a intenção não é criar dependência, mas sim referência. 

Tomo como exemplo prático a nossa educação para o mundo (nunca humanizando, mas apenas utilizando o exemplo humano como comparativo). Na fase inicial os bebês têm como referência os pais. São eles que ensinam ao filho os primeiros passos (literalmente). À medida que o ensino evolui, características técnicas vão sendo apresentadas à criança. No começo “segurando nas mãos”. Conduzindo o bebê nos primeiros passos para a vida adulta. Parece exagero, mas todo o nosso mundo começa ali. Alguém nos conduz, nos motiva, nos ensina. Com o tempo ganhamos habilidade e somos apresentados aos passos seguintes. Dia após dia aumentamos nossa capacidade de lidar com as situações até atingirmos, na idade adulta, a maturidade para viver e principalmente sobreviver no nosso mundo.

Os cães não conseguem atingir uma complexidade tão grande, mas podem sim se adaptar muito bem no nosso contexto. E isso acontece de forma saudável quando se tem bons orientadores. Este papel cabe à família acolhedora. Afinal de contas, educação vem de casa.

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